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Vinhas e Viradas: A Evolução da Viticultura Argentina e a Nova Era Econômica de Milei

  • Foto do escritor: Thomas Santos
    Thomas Santos
  • 23 de jan. de 2024
  • 4 min de leitura

A Argentina, terra do futebol (não é só a gente não, meu povo) de Diego Maradona, (D10S, para os Hermanos ) e de paisagens diversas e rica cultura, é também uma das maiores produtoras de vinho do mundo. A história da indústria vinícola argentina é uma tapeçaria vibrante de inovação, paixão e resiliência, onde bodegas renomadas desempenharam um papel crucial.


Desde o início da viticultura na Argentina, várias bodegas se destacaram, moldando a identidade vinícola do país. Algumas como Bodega Norton, fundada em 1895 por um imigrante inglês, o engenheiro Sir Edmund James Palmer Norton e a Bodega Trapiche, conhecida por suas inovações e diversidade de vinhos, foram fundamentais no estabelecimento da Argentina no cenário vinícola mundial.



No coração dessa história está a Catena Zapata, uma bodega que não apenas simboliza o sucesso argentino no mundo do vinho, mas que também revolucionou a indústria. Fundada em 1902 por Nicola Catena e levada ao estrelato internacional por sua bisneta, Laura Catena, a Catena Zapata é um exemplo de inovação e qualidade. A bodega foi pioneira no plantio de vinhas em altitudes elevadas nos Andes, desafiando a sabedoria convencional e buscando criar vinhos com uma complexidade e um caráter únicos. A Catena Zapata, foi premiada pela World's Best Vineyards, sendo eleita como a melhor vinícola do mundo em 2023. Isso seria considerado impossível uma ou duas décadas atrás.


Os métodos de Catena Zapata, combinando práticas tradicionais com tecnologias modernas, resultaram em vinhos que conquistaram o paladar de críticos e amantes do vinho em todo o mundo. Em 2016, o vinho Catena Zapata Malbec Argentino ganhou o prêmio de melhor vinho do mundo pela revista Decanter, isso só reforça a qualidade dos vinhos Argentinos. A indústria Argentina é líder e pioneira na América do Sul, sim. É claro que nós temos excelentes exemplos no Chile e com certeza no Brasil, mas isso é assunto para um próximo artigo, vinhos serão um dos principais tópicos desta revista..

Essa trajetória de sucesso e inovação da Catena Zapata e outras bodegas argentinas encontra-se agora em um contexto econômico e político desafiador, marcado pela recente presidência de Javier Milei. Conhecido por suas políticas econômicas liberais, e talvez um pouco pela sua loucura e 'supostas' habilidades supernaturais que deixariam até o Dr. Doolittle com inveja, Milei tem agitado o cenário econômico com propostas audaciosas, incluindo a dolarização da economia. Este movimento busca estabilizar a moeda e atrair investimentos estrangeiros, mas também traz seus próprios desafios e incertezas, especialmente para a indústria vinícola.


A dolarização, embora prometa estabilidade, pode aumentar os custos de produção de vinho. A maior parte dos insumos vinícolas, como equipamentos e tecnologia, são importados e, consequentemente, ficariam mais caros em uma economia dolarizada. Esse aumento de custos poderia refletir nos preços finais dos vinhos argentinos, afetando sua competitividade no mercado global. Por outro lado, a estabilidade econômica trazida pela dolarização pode melhorar a confiança dos investidores e abrir novos mercados de exportação, oferecendo uma luz de esperança para a indústria.


Os vinhos argentinos, particularmente o Malbec, têm se destacado no mercado internacional. Para manter essa presença, a Argentina precisa equilibrar o aumento potencial dos custos com estratégias de marketing eficazes. Focar em nichos de mercado de alta qualidade ou nas características únicas do terroir argentino pode ser a chave para manter a atratividade de seus vinhos.


Além disso, há uma necessidade crescente de adaptação e inovação. Vinícolas Argentinas podem ter que buscar maior eficiência operacional, adotando tecnologias sustentáveis e práticas de vinicultura que reduzam custos sem comprometer a qualidade, e isso pode ser um grande desafio. Diversificar as variedades de uva e explorar novas regiões vitivinícolas pode também ajudar a manter a posição competitiva da Argentina, oferecendo uma gama mais ampla de vinhos para diferentes segmentos de mercado.


Um aspecto crucial que não pode ser ignorado é o impacto social dessas mudanças econômicas. A indústria vinícola é vital para muitas comunidades locais na Argentina. As políticas de Milei precisam considerar e apoiar o desenvolvimento dessas comunidades, garantindo que o crescimento do setor seja inclusivo e benéfico para os produtores e trabalhadores locais. Além disso, a sustentabilidade é um fator importante, pois práticas sustentáveis não apenas melhoram a imagem global dos vinhos argentinos, mas também asseguram a viabilidade a longo prazo do setor.


Neste contexto, a indústria vinícola Argentina está diante de um momento decisivo. As políticas econômicas de Milei e a maneira como o setor de vinhos responderá a elas definirão o futuro dos vinhos argentinos no mercado global. A habilidade de se adaptar às novas condições econômicas, mantendo a qualidade e a identidade dos vinhos, será fundamental para o sucesso contínuo da Argentina no mundo do vinho. Nós da Spectra, como grandes bebedores deste elixir dos deuses, os devo dizer, D10S, esperamos que a indústria de vinhos Argentina possa se reinventar e se manter nesta posição de destaque, já que isso é muito importante para o resto do continente sul-americano, afinal, uma competição contra um oponente tão formidável, só pode trazer bons frutos para a indústria como um todo, inclusive, a nossa. Saúde!

 
 
 

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